20/10/2015

15. Crooked



Pode me chamar de rebelde. 
Selena
Eu sei que sou uma garota mimada, porém a culpa não é 100% minha. Eu tive pais que me criaram e me esculpiram assim, fora dos eixos. É bem fácil colocar a culpa em alguém, mas o que posso fazer quando essa é a verdade?
Quando eu era pequena, eles me tratavam como uma princesinha. Eu passei a odiar isso. Odeio a Disney, odeio bonecas, odeio rosa e odeio pessoas que agem como protagonistas de filmes da Disney.
Eu percebi que o lado contrário é melhor, a minoria é sempre melhor. Porém a minoria é tachada de rebelde, pois quem é contra o tradicional é assim, simplesmente.
Bem, pode me chamar de rebelde.
No começo, eu só agia assim para perturbar Laura. Um castigo por ela ser domada e quase não ter, e ela realmente não tinha nada, autonomia sobre si. Ela dependia de Arthur para tudo; financeira e emocionalmente. Só há um ano que ela aprendeu que deveria declarar a sua independência. Não a culpo por este estágio, eu fingi que sim, porém nem faz mais sentido. Agora eu a culpo por só ter se tocado agora de que ela não precisa de homem nenhum em sua vida para ser feliz, ela deve ser feliz com ela e por ela. Por isso, não a tomo como um exemplo para minha vida.
— Você quer café? — uma voz irritante de sotaque australiano perguntou, acabando com toda a minha vibe de reflexão sobre a autonomia feminina.
— Que? — perguntei, olhando para o lado. Sidney estava parada segurando a cafeteira. Respondei com um aceno negativo de cabeça e fiz uma careta, pela presença dela e pelo café. Ela assentiu e pôs a cafeteira na mesa, sentando-se de frente para mim. Sidney queria me dizer algo, me adiantei.
— Por favor, não diga nada! Eu não gosto de você e detesto mais ainda quando força a barra. Com o tempo, posso até aceitar que respiramos o mesmo ar e que de agora em diante será minha “madrasta” ou qualquer porra dessas. Mas nós nunca seremos amiguinhas, coloque isso na sua cabeça. — Fui sincera e comecei a comer uma torrada que estava no meu parto. Sidney suspirou derrota e passou a prestar atenção em seu próprio café da manhã.
— Bom dia! — Arthur chegou à sala de estar sorrindo, ele olhou para mim, mas eu desviei o olhar enquanto ele depositava um beijo nos lábios de Sidney. Nojo. — Então, como foi a festa ontem?
Ele estava mesmo me perguntando isso?
 — Legal. — respondi só para acabar com essa tentativa fodida de conversar comigo em paz.
— Você... Aparentemente não bebeu...
— É. — revirei os olhos mordendo minha torrada mais uma vez, tentando deixar claro o meu desinteresse. Ele desistiu e ficou conversando com Sidney.
Muito bem. Terminei o meu café. 

***

Demetria acordou cedo hoje, porém passou quase a manhã inteira no quarto. Nos perdemos na festa ontem e eu resolvi ignorar este fato durante o momento. Estava sendo legal ficar com Dylan até eu me lembrar de que tinha um namorado e ele me esperava em Nova Jérsei. Não me senti culpada, Steven também já fez muita merda só que isso me fez lembrar do quanto que sentia falta dele, nem ao menos uma ligação havia feito. 
Assim que terminei meu café, subi de volta para o quarto. Ainda era sete e meia da manhã. Não sei por que acordei tão cedo.
Ao entrar no quarto encontrei com Demi sentada em sua cama penteando seu cabelo.
— Me empresta seu celular? — perguntei, já caminhando até sua bolsa para pegar o aparelho.
— Para que? — perguntou de volta, virando-se para mim.
— Eu quero fazer uma ligação. — respondi dando de ombros, achei que fosse óbvio.
— Para quem? — meu deus! Por que ela está tão chata hoje?
— Eu só quero ligar pro meu namorado. É crime? Você sabe que estou sem celular. — falei, sentando-me na cama. Demi revirou os olhos e deu de ombros, ela reprovava isso. Mas eu não ligo. Enquanto a ligação completa a chamada, resolvo provocar. — O que você fez ontem naquela festa para estar tão chata hoje, hein?
Seu rosto ficou rapidamente vermelho e ela virou o corpo, ficando de costas para mim.
— Por que você está me enrolando? Desde ontem que está assim. Ficou com alguém? Perdeu a virgindade? Quê que aconteceu? — a enchi de perguntas. Céus, este menino não vai atender o celular nunca não?!
— Ai, Selena! Dá para parar de me encher? — ela disse irritada. — Não aconteceu nada demais eu só...
— Espera um pouco. — taquei meu travesseiro na cara dela assim que Steven me atendeu.
Hum... Quem é? — ai que idiota.
— Sou eu, Selena. — falei mordendo meu lábio, Steven se calou.
O que você quer? — perguntou ríspido. O que é que eu tinha feito agora?
— Por que você está falando assim? — Demi me olhou preocupada, a ignorei.
Não sei. Talvez porque você tenha sumido sem me falar nada? Mas que porra Selena! Eu tive que ir até a sua casa, falar com a sua mãe. Ela praticamente jogou na minha cara que eu era um vagabundo! — seu tom de voz começou a aumentar. Ah sim, ele não sabia que eu tinha me mudado. Mas que burra que eu sou.
— Steve... — eu não sabia o que dizer. — Desculpa. Eu me esqueci de te contar. Aconteceu tudo rápido demais! No mesmo dia que voltei para casa, Arthur estava lá para nos arrastar para cá. Eu te falei do estágio.
É, mas eu estava bêbado demais para me lembrar.
— Aí a culpa já não é minha, certo? Eu estou com saudades.
Eu também... Quando você vai voltar? Está sendo insuportável aqui. Meus pais resolveram ficar jogando coisas na minha cara. Quero mandar os dois se foderem! — ele suspirou, sabia que estava cansado.
— Eu vou ficar aqui por... Hum... Mais ou menos três meses.
Silêncio.
Eu vou desligar.
— Espera-
E ele desligou. Bem na minha cara.
Filho da puta.
— Problemas com o príncipe? — Demi perguntou sarcástica, tomando seu celular das minhas mãos.
— Vai se foder! — me joguei na cama, abraçando um travesseiro. — Você ainda não terminou de contar. 
— Ah, Selena... Eu só fiquei com o Yoongi... E... — arregalei meus olhos. — Quer dizer, não desse jeito... Ele só me fez companhia e tal... Só isso!
Demi cobriu o rosto com as mãos, envergonhada.
— Ai meu deus! — eu gritei. — Você o beijou?
Ela demorou um pouco para me responder.
— Tecnicamente ele que me beijou e foi só um tocar de lábios, nada demais. — Demi ainda cobria o rosto.
— E depois? — perguntei me aproximando de sua cama.
— Eu saí correndo e ele derramou sua cerveja em mim. — ela tirou a mão do rosto, mordendo o lábio.
— Eu não acredito! Como você é broxante!
— Ai para! — ela soltou um riso nervoso. — Eu fiquei assustada. Foi tão de repente e ele estava bêbado, não vai se lembrar de nada hoje.
Do nada, Dylan entrou no quarto olhando para Demi e ignorando totalmente a minha presença.
— Nós já estamos indo. — ele já estava com seu uniforme completo. Trocamos um olhar, porém ele desviou.
— Ok! — Demi disse se levantando para achar sua mochila, já estava com a minha em mãos. Dylan assentiu e saiu do quarto. Estranho. Ao encontrar sua mochila, Demi me encarou. — Mas o que você ficou fazendo durante a festa?
— Nada. — menti. — Vamos logo.  

***

Na festa ontem, eu tinha ido ao banheiro não só pela vontade de me olhar no espelho, mas também para olhar o resto da casa. Ela era gigantesca! Igualava-se a casa de Steven aonde fazíamos nossas festinhas particulares e eu voltava chapada para casa, consequentemente ficava de castigo, mas eu fugia.
Saudades. Saudades do meu namorado, da minha antiga vida. Tá ok, não to aqui faz nem uma semana completa, mas sinto como se já tivesse sido torturada o suficiente por que não é possível. Viver sob o mesmo teto que seu pai traidor e a amante vaca dele é o cúmulo!
Caminhei pelos corredores para voltar para o bar, aonde pegaria uma bebida. Não vou sair daqui sem beber.
— Ei! — alguém me gritou. Virei minha cabeça para o lado, sorrindo.
Dylan saiu de um aglomerado de pessoas bêbadas e veio até mim.
— Cadê a sua irmã? — perguntou olhando em volta.
— Não sei. — dei de ombros e peguei o copo de sabe-se lá o quê de sua mão, ele protestou. — O que você faz em festas para se divertir?
— Nas festas da Taylor eu bebo e fico olhando as pessoas se pegando na piscina. — ele respondeu pegando seu copo de volta.
— Interessante, porém chato.
— Então o que a senhorita sugere? — ele perguntou, um garoto passou por nós, nos empurrando. Soltei um palavrão.
— Eu sugiro que a gente beba e a gente se pegue na piscina. — falei sorrindo e o puxei pela mão. Não sabia aonde era a piscina, mas minha intuição me guiava para um lado.
— O-oque você tá louca? — ele disse, gaguejando e confuso.
— Cala a boca! — soltei sua mão e o empurrei na parede, o beijando sem cerimônias. Sim, eu sou uma puta de uma vadia. Mas qual o problema quando eu amo essa palavra? Dylan não reagiu contra, apenas aceitou o beijo de bom grado e embrenhou seus dedos pelos meus cabelos.
Deixei-me levar pela vontade que me possuía por completo. No momento, eu me esqueci de Steven.
Mais alguém passou por nós, empurrando meu corpo contra o dele, separei nossos lábios por alguns segundos e ri.
— Por que você está rindo? — Dylan perguntou confuso, mas seus olhos encaram a minha boca.
— Nada. — o puxei pela cintura, colocando minha perna junto de sua coxa; voltamos a nos beijar com devoção. Meus dedos acariciavam seus cabelos, depois escorreram pelo seu pescoço, onde resolvi passar os lábios e a minha língua.
A outra mão de Dylan estava em volta da minha cintura, ele subiu um pouco a mesma e a passou entre meus seios cobertos pela cropped. Ele respirava com dificuldade, e então desceu a mão novamente, acariciando minha coxa com maestria.
Me afastei e mordisquei meu lábio inferior.
— Eu estou gostando, confesso — eu disse, abrindo um sorriso. — Mas acabei de lembrar que eu tenho um namorado. 

E o prêmio de filha da puta do ano vai para... Selena! Isso mesmo! Fica se pegando com o cara para no meio do momento acabar com as coisas, que feio selly </3 Eu disse que ia postar só depois do enem, certo? (Ou foi aqui, ou foi no twitter). But, bateu uma inspiração e eu já estava cansada de estudar e resolvi escrever um capítulo da Sel para vocês ❤️ (Acho que todo mundo sacou, ou não né, mas este final é o flashback da festa, tá? qq)
Eu amei os comentários do capítulo passado, sério! Quase chorei q’
Mas enfim né, não tenho muita coisa para falar. Espero que gostem ❤️
 
she's perfect ❤️